terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

RODRIGUES LIMA, O NARRADOR DAS LONJURAS

A paisagem é a natureza representada, plena e abrangente para um único olhar. É a cena campestre como fundamento basal para ser perscrutada no detalhe distribuído em particularidades. É o quadro mais educado para as leis orgânicas da percepção visual com o todo sendo deduzido pelas partes constituintes. Essa relação é primal na constituição do discurso inteligente e na alfabetização moderna. Faz da paisagem a forma plástica de repouso para o olhar. Glorifica a natureza em estado pleno e a retrata para que os olhos a contemplem e o sujeito goze de uma proximidade nem sempre possível. Trata-se de questão clássica em todas as filosofias, a do geral e do particular. O paisagista é o criador que representa o universal, aquilo que se apresenta como totalidade para uma determinada classe. Sua singularidade, no entanto, é o particular que afirma os predicados estéticos daquilo que compõe a grandiosidade da natureza. Isso tudo encontra vai a eito na obra de Rodrigues Lima. A partir de impressões e da memória, é inevitável que o artista se aproxime e recupere a linhagem dos visitantes europeus que aqui estiveram buscando um mapeamento humano e da variada natureza brasileira. Contrariamente ao mero registro, o artista de João Pessoa (PB) não quer apenas revelar retratisticamente o que a paisagem lhe oferece. Busca compor estilisticamente uma natureza idealizada em cores que enfatizam a miríade do verde e operam a luminosidade de forma a potencializar as qualidades de físicas e metafísicas para o homem, do espaço paradisíaco. È como se o anjo houvesse caído há instantes de um Brasil generoso e belo o que brota de seus pincéis, ávidos pelo detalhe nos primeiros planos influenciados pela fotografia, e que vai se completando pelo desenho em perspectiva. A tarefa que Rodrigues Lima assume é a de recompor na pintura as qualidades plenas do pintor, o artista do mais antigo registro na história da espécie. A ausência do ser humano ou de formas dinâmicas de vida em sua composição teatral faz reforçar a idéia de que a natureza ainda convida à epifania e é modelar em sua organização evolutiva. Pressupõe-se que nela existam organismos dinâmicos, pela quantidade de picadas e atalhos racionais registrados, e este é o mistério do artista: quem compartilha dessa beatitude, senão o fruidor? A quem é dado o acesso ao seu paraíso terrestre ideal que atavicamente conhecemos e amamos? Haverá um dia um ser suficientemente pleno para habitar essa pradarias, essa altitude incógnita? Certamente Rodrigues Lima deixa o mistério ser respondido pela dúvida. Enquanto artista, sua tarefa é a de mero registro da exuberância, da felicidadede suprema e perene, do gozo de alma que só a contemplação mística pode permitir.

Curador:
Jorge Anthonio e Silva
APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes
Professor de Estética no Programa de Pós-Graduação em Comunicação em Cultura da UNISO – Universidade de Sorocaba (SP)

3 comentários:

Unknown disse...

lindo seu atelie.que deus continui te abençoando muinto voçe mereçe.

Mirleny Pequeno disse...

Caro srº Antônio, bom dia!

Sou da Editora Grafset (João Pessoa-PB) e gostaria de saber como devemos proceder para utilizarmos a imagem de uma obra de sua autoria, em um livro de ensino fundamental desta referida editora.

No aguardo,

Mirleny Pequeno -
iconografia@editoragrafset.com.br

Mirleny Pequeno disse...

Caro srº Antônio, bom dia!

Sou da Editora Grafset (João Pessoa-PB) e gostaria de saber como devemos proceder para utilizarmos a imagem de uma obra de sua autoria, em um livro de ensino fundamental desta referida editora.

No aguardo,

Mirleny Pequeno -
iconografia@editoragrafset.com.br